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A história reescrita do sindicalismo médico paraense

“A história se constrói a cada momento, e nunca será nem única e nem definitiva”. A frase do artigo acadêmico dos pesquisadores Aristóteles Guilliod de Miranda e José Maria de Castro Abreu Junior, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da UFPA, resume a importância do trabalho desenvolvido pelos dois para se entender a história da organização médica paraense.

Médicos de profissão, os dois pesquisadores jogaram luz na história mais remota da organização médica no Estado, que até então se sabia existir, mas sobre a qual não se tinha catalogados registros históricos. O artigo: “Razões do esquecimento: em busca dos vestígios do syndicato médico paraense”, publicado pela revista Pan-Amazônica de Saúde , mostra que a semente de uma organização da categoria no Pará foi plantada já no início do século vinte, bem antes do que se tinha registro.

Para a organização médica paraense, a existência de uma associação de médicos no início do século, em algum ponto de 1940, tratava-se de uma hipótese, mas o levantamento em arquivos da biblioteca pública Arthur Viana e ao acervo do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, permitiu uma volta a um passado mais longevo da organização.

Um possível elo de ligação entre a organização do Pará e o sindicato dos médicos carioca teria sido o médico paraense Carlos Seidl, primeiro presidente do Sindicato Médico Brasileiro, hoje Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro. Outro registro encontrado pelos pesquisadores sobre a presença da organização médica paraense no início do século XX foi a participação do médico paraense Affonso Macdowell, que participou do I Congresso Médico Sindicalista, em Porto Alegre, representando o Pará no evento.

Registros encontrados pelos pesquisadores médicos em jornais paraenses do início do século apontam a organização de uma agremiação médica “que tinha como finalidade ‘amparar e defender a classe médica, procurando estreitar e manter a mais perfeita solidariedade entre seus membros, obrigando-os a respeitar os verdadeiros princípios da ethica profissional”, destaca o artigo. A cerimônia de fundação desta entidade teria sido na sede do Instituto de Proteção e Assistência à Infância, entidade criada e dirigida pelo famoso médico Ophir Loyola.

Em encontro promovido pelo Sindmepa para saudar os dois pesquisadores, os articulistas destacaram que ao longo do trabalho perceberam que, ao mesmo tempo em que viram união entre os médicos do passado que iniciaram a organização sindical no Pará, perceberam também uma ruptura, com as organizações que vieram depois. “Nós vimos essa união com o sindicato atual, mas vimos também que havia uma ruptura. E a gente levanta aí algumas teses e coloca no artigo pra poder deixar aí pros outros pensarem no assunto”, disse Aristóteles de Miranda.

“A gente já tinha juntando várias coisas do sindicato. A gente achou, por exemplo, uma briga grande do sindicato médico paraense com a faculdade de medicina”, observou, por sua vez, Abreu Junior, sinalizando temas para possíveis futuras pesquisas. “Quando mergulhamos no assunto, questionamos sobre quando a organização apareceu, quando desapareceu e porque desapareceu?”, ressaltou Aristóteles, ele mesmo já apontando algumas respostas. “Sabemos que desapareceu porque houve a lei sindical em 39 que normatizava a criação de sindicatos, determinando que precisava ter primeiro uma associação. Os sindicatos que haviam antes zerou tudo. Encontramos registros de quando o sindicato dos odontólogos convocava uma assembleia para criar a associação. Então, essa associação é fundada em 1941, mas aí você não vê adiante ela se transformar em sindicato”.

Nas pesquisas de jornais da época, foram encontradas convocações para eleições em 1960, como lembrou Aristóteles: “Em 60 vai aparecer uma convocação nos jornais chamando para as eleições e em 63 para reorganizar e, quem sabe, organizar os estatutos do futuro sindicato. Então, tem todo esse tempo que ficou parado. Porque? Não era interessante? Em 45, aparece os conselhos que vão funcionar em 57; a sociedade médico-cirúrgica fazia as vezes de sindicato? São coisas que tão por aí para ser pesquisadas, discutidas”, sugere o médico.

Aristóteles destacou ainda que na atual conformação do Sindicato, surgida a partir da Renovação Médica, no final dos anos 70, início dos anos 80, para se criar um sindicato era preciso de uma associação, mas não se criou vínculos com a célula passada. “Eles pegam um documento dessa associação que já tava pronto em 1941, só que não querem a memória daquela associação, não querem aquele passado, aqueles médicos reacionários; e aqueles médicos do passado também não querem se vincular aos novos comunistas (novos sindicalistas)”, analisa o pesquisador, deixando ainda em branco uma série de interrogações.

“O interessante do artigo é que ele mostra que memória é uma coisa construída. Que vai depender de um grupo, que vai dizer ‘isso, a gente deve lembrar e isso a gente não deve lembrar’ e, de repente, em um dado momento não era interessante que o sindicato fosse lembrado, e aí se esqueceu”, reflete Abreu Junior.

Acho que de algum modo valeria a pena citar que houve um sindicato médico paraense. Não necessariamente que tenha sido um embrião do atual sindicato, mas do ponto de visto histórico é importante se buscar essa formação, sugeriram os pesquisadores.

Para o diretor do Sindmepa, Waldir Cardoso, que participa da organização do Sindicato dos Médicos do Pará há mais de 20 anos, é saudável para a instituição se empoderar do estudo que visa identificar as raízes da organização médica no Estado. “Aquilo que se perdeu no tempo volta agora com os trabalhos dos pesquisadores do Instituto Geográfico do Pará e nós só temos a agradecer pela importante contribuição deles à história do sindicalismo médico paraense”, disse Cardoso. O artigo pode ser acessado na íntegra no endereço: http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/rpas/v6n2/v6n2a02.pdf

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