No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA) revela dados positivos sobre a participação feminina no mercado de trabalho formal. Com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o estudo mostra que, em 2024, o Pará liderou a geração de empregos formais femininos na Região Norte, com 18.005 novas vagas, representando 32,89% do total de empregos femininos da região.
Ao longo do ano, as admissões de mulheres somaram 153.808, contra 135.803 desligamentos, resultando em um crescimento de 10% na participação feminina no mercado formal em comparação com 2023.
Setores de Serviços e Comércio dominam a criação de vagas
Os setores de serviços e comércio foram os principais responsáveis pela criação de vagas para mulheres no Pará. O setor de serviços, que inclui áreas como saúde e educação, gerou 8.726 novas vagas (48,46% do total), seguido pelo comércio, com 6.919 postos de trabalho (38,43%). Juntos, esses dois setores representam quase 87% das oportunidades formais ocupadas por mulheres no Estado. A crescente presença de mulheres em profissões de alta qualificação, como médicas, também destaca a importância do setor de saúde, com aumento do número de mulheres nesse campo, tanto no setor público quanto privado.
Faixa etária e escolaridade predominantes
Entre as faixas etárias, as mulheres de 18 a 24 anos concentraram 74,16% das novas contratações, com 13.352 novos empregos. Mulheres entre 25 e 29 anos ocuparam 13,52% das vagas, e as de 30 a 39 anos, 7,32%. Mulheres com 50 a 64 anos enfrentaram dificuldades, com um saldo negativo de 5,92%.
No que diz respeito à escolaridade, as mulheres com ensino médio completo foram responsáveis por 83,29% das novas contratações, enquanto as com nível superior representaram 7,61%, refletindo avanços na qualificação, mas também desafios para a inclusão em áreas mais especializadas.
O Pará lidera na Região Norte
Em termos regionais, o Pará foi o Estado com maior geração de empregos formais femininos na Região Norte, com 32,89% do total de 54.736 novas vagas. Amazonas (27,37%) e Rondônia (10,89%) vêm em seguida.
Mulheres à frente de 1,4 milhão de lares no Pará
No Pará, cerca de 1,4 milhão de lares são chefiados por mulheres, que desempenham o papel de mães, administradoras e sustentadoras do lar, evidenciando a força e a resiliência feminina, tanto no mercado de trabalho quanto nas funções familiares.
Desafios persistem: a equidade no mercado de trabalho
Embora o cenário seja de avanço, ainda existem desafios significativos para alcançar a verdadeira igualdade de gênero no mercado de trabalho. Everson Costa, Supervisor Técnico do DIEESE/PA, destaca que, apesar da legislação garantir o direito das mulheres ao acesso igualitário ao trabalho e aos salários, a fiscalização e a aplicação dessas leis são falhas. “A falta de fiscalização nas empresas, a resistência de alguns segmentos dominados por homens, como a política e o setor sindical, ainda cria barreiras para a plena equidade. E mesmo com as conquistas, a mulher ainda enfrenta uma jornada difícil para garantir seus direitos e acesso igualitário, principalmente quando se trata de políticas públicas e recursos direcionados a elas”, afirma.
Ele complementa: “Para resolver isso, é preciso uma combinação de sensibilização, campanhas e a efetivação das leis já existentes. Já avançamos muito, mas a fiscalização e a implementação de políticas públicas eficazes são essenciais para garantir um futuro mais justo para as mulheres no mercado de trabalho.”
Este Dia Internacional da Mulher, portanto, marca uma celebração dos avanços conquistados, mas também reforça a necessidade de continuar a luta pela equidade, por um ambiente de trabalho mais inclusivo e por um futuro em que as mulheres ocupem ainda mais espaço em todos os setores da sociedade.