No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado hoje, a Dra. Joelma Paschoal, neuropediatra com expertise em Transtornos do Neurodesenvolvimento, compartilha suas perspectivas sobre os avanços no diagnóstico e tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA), além dos principais desafios que as famílias enfrentam no processo de inclusão e apoio.
O diagnóstico precoce do TEA tem evoluído significativamente nos últimos anos, graças a uma maior conscientização da sociedade, especialmente de pais e familiares. A Dra. Joelma destaca que um dos maiores avanços é a difusão das informações nos veículos de comunicação e, principalmente, nas cadernetas de saúde da criança, o que facilita o reconhecimento dos sinais e sintomas do autismo. “O aumento da conscientização permite que os pais identifiquem precocemente as características do transtorno, facilitando o encaminhamento para avaliação especializada”, explica a neuropediatra.

Evolução no Tratamento do TEA: Novas terapias e abordagens
O tratamento do TEA tem evoluído com o tempo, com ênfase em abordagens baseadas em evidência científica. Para Dra. Joelma, o maior pilar do tratamento é o envolvimento de uma equipe multiprofissional que atue de maneira integrada e colaborativa. “Além das terapias tradicionais, como fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia, modalidades terapêuticas como a musicoterapia e a atividade física adaptada têm mostrado resultados positivos em muitos casos.”
A análise do comportamento aplicada (ABA) continua sendo uma das terapias mais reconhecidas mundialmente, sendo parte essencial no tratamento, principalmente nas crianças com TEA mais grave.
Desafios das famílias de pessoas com TEA
Apesar dos avanços, as famílias de pessoas com TEA ainda enfrentam dificuldades significativas. Dra. Joelma aponta o acesso insuficiente às terapias especializadas como um dos maiores obstáculos. “Tanto no sistema privado quanto público, há uma oferta limitada de vagas, deixando muitas crianças sem o tratamento adequado”, afirma. A inclusão escolar também é uma área que demanda atenção, com muitas famílias enfrentando falta de mediadores e apoio adequado para a adaptação do plano de ensino.
Detecção Precoce: O papel dos profissionais de saúde
A detecção precoce do TEA pode ser aprimorada com o treinamento contínuo dos profissionais de saúde. Dra. Joelma reforça que os profissionais precisam estar atentos aos sinais e sintomas do autismo, recomendando rapidamente a busca por uma avaliação especializada. “Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores são as chances de uma intervenção eficaz”, conclui.
Inclusão Social e Escolar de Pessoas com TEA
A inclusão das pessoas com TEA na sociedade e no ambiente escolar é fundamental. A Dra. Joelma destaca o papel terapêutico da escola, afirmando que é dentro deste espaço que a criança com TEA pode desenvolver habilidades sociais e intelectuais. “A escola deve oferecer apoio contínuo, com profissionais capacitados e um ambiente adaptado para as necessidades de cada criança”, explica.
Mitos sobre o TEA: Desmistificando Preconceitos
Ainda existem muitos mitos sobre o TEA que precisam ser combatidos. Um dos mais comuns é a crença de que toda criança com o transtorno terá um prognóstico ruim. Dra. Joelma desmistifica essa ideia, afirmando que cada criança com TEA pode apresentar ganhos significativos, desde que o tratamento seja adequado e precoce. Outro mito é a ideia de que o diagnóstico de autismo pode ser feito através de exames laboratoriais, quando, na realidade, é realizado clinicamente, com base na observação dos sinais comportamentais.