No Dia Nacional de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina, celebrado em 24 de junho, o SINDMEPA destaca o trabalho desenvolvido pelo Serviço de Referência em Fissuras e Anomalias Craniofaciais (SFAC) da Santa Casa do Pará, sob a coordenação da Dra. Cynthia Martins, referência no cuidado integral a pessoas com fissura labiopalatina na região Norte.
A fissura labiopalatina é uma malformação congênita que ocorre quando os tecidos do lábio e/ou do palato (céu da boca) não se formam corretamente entre a 6ª e a 12ª semana de gestação. As causas são multifatoriais, envolvendo predisposição genética, fatores ambientais, deficiências nutricionais e síndromes genéticas.
“É fundamental entender que a fissura labiopalatina é tratável. Com diagnóstico precoce e equipe multidisciplinar, as crianças podem alcançar pleno desenvolvimento funcional, emocional e social”, explica a Dra. Cynthia Martins.

Tipos de fissura e diagnóstico
A condição pode afetar apenas o lábio (fissura labial), apenas o palato (fissura palatina) ou ambos (fissura labiopalatina), podendo ser unilateral ou bilateral. O diagnóstico pode ser feito ainda na gestação, por ultrassonografia morfológica a partir da 20ª semana, principalmente em casos de fissura labial. Já a fissura palatina isolada é mais difícil de ser identificada antes do nascimento.
Após o parto, o diagnóstico clínico é realizado por meio de exame físico. Em alguns casos, fissuras pequenas podem demorar a ser percebidas, sendo identificadas apenas diante de dificuldades na alimentação ou na fala.
Desafios enfrentados pelas famílias
Além das questões clínicas, famílias enfrentam desafios como dificuldades de alimentação nos primeiros meses, comprometimentos na fala e audição, múltiplas cirurgias, barreiras de acesso ao tratamento especializado, e, infelizmente, também o preconceito.
A Dra. Cynthia ressalta a importância do suporte emocional:
“O impacto psicológico pode ser grande, especialmente na infância. Por isso, o apoio da família, da escola e de profissionais de saúde mental é essencial.”
Tratamento integral e gratuito na Santa Casa
Implantado em 2018, o SFAC da Santa Casa do Pará oferece atendimento público e gratuito a crianças e adultos com fissura labiopalatina, com foco na reabilitação funcional, estética e psicossocial. O tratamento é prolongado e envolve diversas especialidades.
Entre os procedimentos realizados estão:
Queiloplastia (cirurgia do lábio), geralmente entre 3 e 6 meses de idade.
Palatoplastia (cirurgia do palato), entre 12 e 18 meses.
Enxerto ósseo alveolar (entre 6 e 12 anos).
Cirurgias ortognáticas e retoques funcionais na adolescência ou vida adulta.
A equipe inclui cirurgiões plásticos, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, psicólogos, nutricionistas, ortodontistas, assistentes sociais e pediatras.
Conscientização e políticas públicas
A data de 24 de junho tem papel importante na promoção da inclusão e do respeito às pessoas com fissura. Além de combater o preconceito, ela visa ampliar o debate sobre as lacunas no acesso ao tratamento e à reabilitação completa.
“Ainda temos muitos desafios: falta de centros especializados no interior, necessidade de transporte e hospedagem para tratamento, além da formação de profissionais da atenção básica e da escola para acolher essas crianças”, reforça a Dra. Cynthia.
O SINDMEPA se junta a essa mobilização nacional para valorizar a diversidade e defender o fortalecimento das políticas públicas de saúde, educação e assistência social voltadas às pessoas com fissura labiopalatina.