Mesmo sendo considerado um avanço para a saúde pública de Belém, a compra do hospital Porto Dias, isoladamente, não resolve os problemas de saúde na cidade. Essa foi a avaliação do diretor administrativo do Sindmepa, João Gouveia, ao participar hoje de manhã da audiência pública que discutiu a compra do Hospital Porto Dias pela Prefeitura de Belém, a fim de funcionar como um hospital de retaguarda com o objetivo de aliviar a superlotação do HPSM da 14.
O médico relatou que o Sindicato dos Médicos do Pará participou de várias reuniões com membros da Prefeitura e representantes de outros setores ligados à saúde pública em Belém para discutir o assunto; visitou as instalações do hospital Porto Dias por três vezes e realizou pelo menos três assembleias gerais para debater o tema. “A maioria dos médicos ouvidos disse que qualquer coisa é melhor do que o Pronto Socorro da 14. Por isso, consideramos que a compra do Porto Dias é um grande avanço”, opinou.
Ele ressaltou, porém, que só a compra do hospital isolada não irá resolver os problemas de urgência e nem os problemas da Atenção Básica de Belém. É preciso avançar também na discussão das melhorias de condições de trabalho de todas as unidades de saúde, que precisam de equipamentos e medicamentos para funcionar de forma decente. João Gouveia chamou atenção ainda para a necessidade de melhoria da remuneração dos médicos, o “patinho feio” da saúde, e a implantação do PCCR da saúde em Belém e no Estado do Pará. “O médico da Sesma ganha R$ 3.000, o que só melhora um pouco quando dá plantão extra”.
Quanto ao valor do hospital e aos equipamentos que serão entregues, o diretor do Sindmepa ressaltou que cabe aos órgãos de fiscalização – a Câmara Municipal e o Ministério Público – acompanharem a negociação para garantirem que o preço seja justo e os equipamentos prometidos pelo proprietário do hospital, de fato, sejam entregues.
AUTORIZAÇÃO
A Câmara Municipal de Belém autorizou, na semana passada, o prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) a contrair empréstimo de 90 milhões de reais para desapropriação do hospital Porto Dias.
De acordo com a apresentação feita pela secretária de Saúde de Belém, Selma Alves da Silva, durante a audiência pública, o novo hospital servirá como retaguarda ao HPSM da 14, ou seja, pacientes atendidos pelos hospital de urgência que precisam permanecer internados em tratamento ou necessitam fazer cirurgias não em caráter de urgência serão atendidos pelo novo hospital que tem entre suas vantagens o fato de possuir um heliponto para o pouso de helicópteros de resgate. O novo hospital vai oferecer 130 novos leitos para várias especialidades e 27 leitos de UTI.
A secretária garantiu que a gerência do hospital ficará a cargo da Sesma e que os funcionários serão contratados pelo município enquanto se aguarda a realização de concurso público. Mas, ressaltou que os serviços de laboratório serão terceirizados, funcionando com um ponto de coleta dentro do hospital.
Além de Selma Alves, a secretária de finanças do município, Tereza Cativo e a auditora em saúde, Rejane Jatene, deram informações técnicas sobre a compra do estabelecimento. A audiência pública foi proposta pela vereadora Marinor Brito (PSOL). Cerca de 20 vereadores participaram da sessão, que contou ainda com a presença de várias lideranças comunitárias e sindicais. Também participaram da sessão pelo Sindmepa os diretores Wilson Machado e Lafayette Monteiro.