Procedimentos básicos para uma unidade de urgência e emergência (U/E), como curativos e pequenas suturas, não podem ser feitos na unidade de saúde da Sacramenta por falta de material. A unidade compõe junto com outras dez a rede de atendimento de baixa complexidade que se encarregaria de aliviar a carga dos grandes hospitais de urgência da capital, como os prontos socorros da 14 e do Guamá. Mas sem materiais básicos, os pacientes acabam sendo encaminhados para outros locais.
Visita técnica realizada por diretores do Sindmepa à U/E da Sacramenta na manhã de hoje constatou a baixa resolutividade no atendimento dos casos de urgência, explicando grande parte dos problemas enfrentados pelos PSM de Belém. As instalações físicas da unidade estão em condições de razoáveis a boas, com atendimento ambulatorial sendo prestado com relativa qualidade
“O mesmo não se pode dizer em relação ao atendimento de urgência e emergência, que deixa muito a desejar”, afirmou o diretor do Sindmepa, João Gouveia. O atendimento de U/E funciona em local acanhado, não se realiza curativos, por falta de materiais, nem mesmo pequenas suturas e a falta de equipamentos compromete grande parte dos serviços: “O eletrocardiograma está sem funcionamento; não tem desfibrilador; a esterilização não funciona por falta de autoclave, não realiza pequenos procedimentos cirúrgicos como suturas, drenagem de abcesso, entre outros, por falta de material, apesar de ter um foco cirúrgico no ambiente”, disse João Gouveia, que compôs a equipe de vistoria junto com os médicos Wilson Machado, Emanoel Resque e José Martins.
Os médicos identificaram também outros problemas na unidade: a sala de observação funciona com quatro leitos para adultos, os quais também são usados para crianças, o que é totalmente inadequado, apontaram os médicos.
Na hierarquização da urgência e emergência da Sesma, se observa uma estrutura inexplicável: “a coordenação da área de urgência e emergência, responsável pelos pronto socorros da 14, do Guamá, Samu, UPA de Icoaraci e hospital de Mosqueiro, não coordena as onze unidades de urgência e emergência de baixa complexidade do município de Belém, o que demonstra a falta de integração nos serviços”, .
Se esta unidade de baixa complexidade de U/E estivesse funcionando com resolutividade, bem como as outras dez unidades, com certeza diminuiria em muito o fluxo de pacientes, principalmente nos dois grandes prontos socorros municipais. “Isso também reduziria os transtornos que os pacientes do entorno dessas unidades enfrentam quando precisam de serviços de baixa resolução como curativos e pequenas cirurgias, além de ter um melhor atendimento nos casos que necessitam de atendimento cardiológico e reanimação cardíaca”, disse o diretor do Sindmepa.
O Sindmepa fará um relatório sobre a vistoria realizada e encaminhará ao Ministério Público do Estado, Sesma, Sespa e Conselho Estadual de Saúde.