Ao participar do Fórum Paraense de Ensino Médico, promovido em Belém pelo CRM-Pará e a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), o diretor do Sindmepa, João Gouveia, voltou a criticar o programa Mais Médicos, do governo federal, a uma plateia de médicos envolvidos no ensino. “Continuamos sendo vítimas do Mais Médicos, porque ele não é uma política de saúde estruturante e nem de ensino estruturante. É voltado para a lógica da quantidade, em detrimento da qualidade. Não atende nem os objetivos da assistência e vem provocando uma verdadeira desvalorização do ensino médico no País”.
Para o diretor do Sindmepa “temos assistido a um verdadeiro desmonte do ensino médico ao ponto de termos escolas hoje que estão formando professores junto com alunos. Faço minhas as palavras do presidente do CFM que disse que em pouco tempo vamos ter escolas médicas sem docência e sem decência”.
O diretor informou que no Brasil são 252 cursos de medicina, algo em torno de 22.500 vagas por ano, sendo que no Pará existem quatro escolas médicas em funcionamento, entre públicas e privadas, oferecendo um total de 446 vagas por ano.
Em relação ao número de escolas médicas, o Brasil é o segundo país do mundo com maior número de escolas. São 252 para atender 200 milhões de habitantes. Só perdemos para a Índia, que tem 381 escolas para uma população de 3 bilhões de habitantes, comparou Gouveia.
Em nossa avaliação, disse, formar mais médicos de qualquer maneira, sem uma boa qualificação, não atende nem aos interesses da categoria nem aos interesses da população, pois um médico mal formado causa prejuízo aos pacientes e aos serviços de saúde, quando solicita exames desnecessários, entre outros prejuízos.
Defendemos a avaliação do ensino médico no 2º, 4º e 6º anos do curso de medicina, com avaliação dos docentes, discentes e a infraestrutura das escolas médicas. Isso permite que você corrija rumos do curso ainda durante a formação, apontando as deficiências tanto do aluno quanto de professores e das escolas. O objetivo final é termos médicos bem formados e aptos a ingressar no mercado de trabalho.