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O  Zika vírus e os Jogos Olímpicos do Rio

 

A realização dos Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro tem suscitado grande preocupação de cientistas e atletas, alguns chegando mesmo a sugerir o cancelamento do certame e outros, desistindo de participar da competição por causa do Zika. Tal postura é decorrente do desconhecimento, justificado entre os atletas leigos, mas injustificado por parte de membros da comunidade científica.

Todas as medidas de proteção estão sendo tomadas pelas autoridades sanitárias responsáveis pelos Jogos no Brasil. Os atletas estarão protegidos na Vila Olímpica e os que virão para assistir as competições, devem atender às medidas protetivas individuais que certamente gerarão grande impacto. O uso de roupas claras e de mangas longas durante o dia e repelentes cutâneos adequados são eficientes para evitar o contágio. A contaminação por via sexual também é facilmente evitada com o uso de preservativos. Adiar por seis meses a gravidez é a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para evitar a possibilidade de microcefalia congênita.

O Zika é um RNA vírus do gênero Flavivirus que foi isolado em 1947 em macacos Rhesus, na Uganda, na floresta Zika. Considerado endêmico no Leste e Oeste do Continente Africano, sabe-se que chegou à Ásia e Oceania. Transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti causa uma arbovirose que, em geral, é extremamente benigna. Em 80% dos casos os pacientes sequer têm sintomas.  Cursa em até sete dias e, em raros casos, provoca uma paralisia denominada Síndrome de Guillain-Barré. Após a epidemia ocorrida em 2007 na Micronésia, Polinésia, autoridades daquele país observaram o aumento dos casos de microcefalia, fato também observado na epidemia que ocorre no Brasil. Recentemente constatou-se que há a possibilidade de transmissão vertical através da relação sexual (vaginal, anal e oral).

O Fórum Iberoamericano de Entidades Médicas (Fiem), integrado por representantes de todas as organizações científicas e profissionais médicas dos países da América do Sul, America Central, México, Portugal e Espanha, em recente conclave realizado na cidade de Coimbra, Portugal, ratificou esta posição divulgada em documento aprovado por unanimidade de seus membros. Além disso, o documento faz importante alerta: “A Comunidade Médica representada no Fiem incentiva as organizações não-governamentais e filantrópicas e toda a comunidade internacional, as organizações oficiais, e também toda a população mundial, a mobilizarem recursos nas áreas endêmicas para controlar os mosquitos transmissores não só desta doença, mas de outras, como a dengue, chikungunya e febre amarela endêmica, muito mais do que a gerar uma polêmica estéril”.

Desta forma, entendemos que não há qualquer razão plausível para que se avente a possibilidade de suspensão dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro na certeza de que atletas e público têm todas as condições de participar do evento com total segurança. Basta que cada um cumpra sua parte: os responsáveis pelas questões sanitárias e os que estiverem no Rio de Janeiro no período da competição. A questão do enfrentamento não pode ser jogada para debaixo do tapete após passado esse período. Pelo contrário. Serão necessárias medidas enérgicas para que o país não fique mais no foco de notícias negativas e tantas vezes distorcidas. Temos problemas demais, é verdade. Mas temos muitos profissionais competentes para auxiliar nas soluções. Basta vontade política.

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