Mais de 10 mil leitos de internação em pediatria clínica foram desativados na rede pública de saúde desde 2010, em todo o Brasil, de acordo com levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Segundo os dados, no final de 2010, o país tinha 48,3 mil leitos pediátricos para uso exclusivo do SUS. Porém, em novembro do último ano, o total do número de leitos baixou para 98,2 mil. O estudo aponta ainda que 40% dos municípios brasileiros não têm nenhum leito de internação desse tipo.
Das 5.570 cidades do Brasil, 2.169 não têm nenhum leito. Entre as que possuem pelo menos uma unidade de terapia intensiva infantil, um terço tem menos de cinco leitos em todo o território municipal e 66 contam com apenas um leito.
As informações foram levantadas por meio do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, e gera preocupação em especialistas da área, pois como explica a presidente da SBP, Luciana Rodrigues, “a redução do número de leitos tem um impacto direto no atendimento, provocando atrasos no diagnóstico”.
Regiões e capitais
As regiões que mais sofreram com a redução de leitos pediátricos nos últimos seis anos foram o Nordeste e o Sudeste com 4.032 e 3.060 leitos a menos, respectivamente, seguidas das regiões Sul (-1.873 leitos), Centro-Oeste (-689) e Norte (-428). Entre as capitais, apenas quatro conseguiram elevar a taxa de leitos.
Faltam de leitos de UTI para prematuros
No Brasil nascem 38 prematuros por hora, o equivalente a 912 por dia. Significa dizer que cada uma dessas crianças, ao nascer antes de 37 semanas, muitas vezes não estarão completamente desenvolvidos e, por isso, precisarão permanecer em tratamento intensivo até que esteja forte o suficiente para ir para casa. Dados apurados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) revelam, no entanto, faltam pelo menos 3.200 leitos intensivos neonatais em todo o Brasil.
De acordo com a estimativa do Departamento Científico de Neonatologia da SBP, a proporção ideal de leitos de UTI neonatal é de no mínimo quatro 4 leitos para cada grupo de mil nascidos vivos – parâmetro que deverá ser atualizado pela entidade nos próximos meses.
Em 2014, último dado disponível, quase 27 mil recém-nascidos morreram nos primeiros 27 dias de vida. Naquele ano, a taxa nacional de mortalidade neonatal foi de 9 para cada grupo de mil nascidos vivos. As regiões Norte e Nordeste ficaram acima dessa proporção, com 10,4 e 10,3 notificações de óbito, respectivamente. Não por acaso, são também nestas regiões os piores desempenhos na relação leito por nascido vivo: 1,7 no Norte 1,8 no Nordeste.
Informações: SBP