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Entidades Médicas: hora de somar forças para a defesa da Medicina

Por: Janice Painkow*

Depois de um hiato de cinco anos, 2018 inicia com a confirmação da realização de mais um Encontro Nacional de Entidades Médicas (Enem), nos dias 29 e 30 de maio, em Brasília.

Esse período, que pode parecer de estagnação, representa uma reorganização das entidades médicas ao passo que vivenciamos graves problemas em nosso País, como escândalos de corrupção e a troca de um presidente. Nesse mesmo período foi criada a Federação Médica Brasileira (FMB) e no ano passado, o lançamento da Frente Parlamentar da Medicina, a primeira vez que os médicos têm de verdade uma representação dentro do Congresso Nacional.

O Enem tem objetivo político. O ano é importante para o Brasil e muito importante para a nossa categoria. A construção de um documento que apresente aos candidatos à presidência os principais pontos de reivindicação da categoria e principalmente, a força dos mais de 400 mil médicos brasileiros, são os principais objetivos.

Infelizmente não registramos evolução em questões nevrálgicas para os médicos brasileiros. Continuamos com problemas de distribuição de profissionais, temos muito que evoluir em estrutura de atendimento, precisamos cada vez mais acessar judicialmente os pacientes aos melhores tratamentos e o ponto importante do nosso debate: precisamos voltar a discutir a carreira médica – a PEC 454/09 está parada e essa situação, impacta frontalmente os itens citados anteriormente com o agravante da falta de remuneração adequada.

Com a implantação do programa Mais Médicos, passamos a erguer mais uma bandeira: a da aplicação do Revalida para todos os estrangeiros ou formados no exterior que queiram praticar a medicina no Brasil.

A abertura indiscriminada das escolas médicas nos apresenta uma nova realidade: a qualidade da formação profissional. Se o Sistema Único de Saúde (SUS) não for devidamente financiado, conseguimos projetar a sucessão de desgraças num futuro não muito distante com profissionais não preparados de forma adequada atuando em uma estrutura que só se mantém em pé pela nobreza de médicos e servidores da saúde. Que medidas efetivas serão tomadas quando esses estudantes e as instituições de ensino forem reprovados na Avaliação Seriada?

Os médicos residentes seguem com a busca de melhor remuneração e lutando com a bonificação do Provab e a remuneração até generosa praticada a quem ingressa no Mais Médicos.

Iniciamos falando do sistema nacional, mas temos problemas nos estados e municípios. É urgente rever a política nacional da Atenção Básica que assegure o número de médicos necessários para o bom atendimento à população. Não podemos mais conviver com leitos hospitalares desativados e casas de saúde beneficentes sobrevivendo às custas de rifas e leilões comunitários.

Precisamos voltar a falar sobre os planos de saúde, que reajustam seus valores anualmente ao passo que seguem remunerando mal os médicos, promovendo glosas injustificadas e atrasando os pagamentos.

Somos médicos, mas somos antes de tudo, cidadãos brasileiros e com plena consciência do grave momento pelo qual passa nosso País. É o momento da participação de todos, mesmo os que não estão envolvidos com o sistema público de saúde. É a hora de somar forças pelo bem na nossa categoria profissional e pela saúde de qualidade em todas as esferas.

Foto: Laiuton Costa

*Vice-presidente da Federação Médica Brasileira (FMB)

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