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Abertura de nova escola médica em Tucuruí aciona alerta de qualidade do ensino

O Brasil possui mais de 290 processos de pedidos para abertura de novas escolas de medicina em andamento no Ministério da Educação, segundo levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), no dia 10 de julho. Na última semana, foi divulgada a abertura de um curso de medicina em Tucuruí, com mensalidades acima de R$ 11 mil reais. A novidade causou preocupação ao Núcleo Acadêmico do Sindmepa, pois o curso de medicina, ao contrário de outras atividades, depende de campos de prática para completar o ciclo de aprendizado.

O diretor de extensão do Núcleo Acadêmico, Luiz Arthur de Oliveira entende que apesar dos benefícios potenciais ilusórios, a abertura indiscriminada de novas escolas médicas pode comprometer a qualidade da formação, pois a criação de uma instituição médica exige grande investimento em infraestrutura, corpo docente qualificado e acesso a hospitais e centros de saúde para a prática clínica.

“A abertura de novas instituições visa atender à demanda crescente por médicos, especialmente em regiões carentes de profissionais. No entanto, essa expansão traz à tona preocupações significativas quanto à qualidade do ensino, à infraestrutura disponível e à capacidade de formação desses novos profissionais”, frisa o diretor.

No Pará existem 12 escolas médicas, sendo cinco públicas e sete privadas, de acordo com o Conselho Federal de Medicina. O Conselho defende que para uma cidade sediar uma faculdade de medicina, são necessários, pelo menos, cinco leitos públicos para cada aluno; três alunos no máximo para cada equipe de saúde da família; e um hospital ensino ou unidade hospitalar com potencial para hospital de ensino.

De acordo com o levantamento realizado pelo CFM, no período de 2003 a 2022, a taxa de crescimento médio de vagas públicas foi de 3,1% por ano. Em contraste, a taxa de crescimento de vagas privadas no mesmo período foi de 7,3%, ou seja, mais que o dobro. Hoje, existem 390 escolas médicas em atividade no Brasil, distribuídas em 250 municípios, as quais, juntas, oferecem cerca de 42 mil vagas por ano.

O diretor financeiro do Sindmepa, Waldir Cardoso também atribui aos órgãos estatais a responsabilidade pela qualidade do ensino ofertado aos futuros médicos. “O Governo Federal, ao abrir indiscriminadamente escolas médicas em locais sem infraestrutura de ensino, será cobrado pela história dada a sua irresponsabilidade com a assistência médica no país. Dos governos Lula se esperava prioridade para a educação básica e ensino técnico e não foi o que ofereceu à sociedade brasileira”, ressalta.

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