O Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) esteve reunido com o Secretário de Saúde de Belém, Pedro Anaisse, na tarde desta terça-feira (29), para discutir medidas que possam conter a superlotação obstétrica na Santa Casa. A comissão de médicos do Hospital também participou da reunião e expôs a situação enfrentada diariamente na prestação dos serviços médicos, que inclui pacientes alocadas em cadeiras e acompanhantes dormindo no chão.
O Sindmepa foi representado pelos diretores Emanuel Resque, André Guimarães e Jorge Oliveira Vaz. Participaram também o vice-diretor do Núcleo Acadêmico, Hugo Oliveira, e os assessores jurídicos, Sílvia Mourão, Sandra Mourão e Leonardo Watanabe.
Emanoel Resque deu início à reunião expondo o impacto que a falta de regulação de leitos de obstetrícia na rede municipal tem causado à Santa Casa e questionou os representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) sobre como tem sido realizado o pré-natal na rede municipal. O diretor também chamou atenção da gestão para a necessidade de implementar ações direcionadas à regulação dos leitos.
Os médicos da Santa Casa relataram ao Secretário de Saúde o quadro desencadeado pela superlotação no Hospital. Segundo os profissionais, cerca de 30 pacientes são internadas, diariamente, na Urgência e Emergência da Santa Casa, setor que não tem suporte de leitos para internação. Além disso, muitas pacientes chegam à emergência buscando suporte básico, pois não conseguem atendimento na rede municipal de saúde.
Entre os agravantes da superlotação está a ausência de retaguarda do município, pois há maternidades que não atendem os casos considerados de baixo risco, fazendo com que as mulheres sejam encaminhadas ao hospital referência entre as gestantes. Ainda segundo os profissionais, há pacientes de urgência “internadas” em cadeiras, com acompanhantes dormindo no chão. A situação, além de causar problemas de atendimento, constrange pacientes, acompanhantes e a equipe médica.
“Não conseguirmos leitos para pacientes que vão parir e precisam fazer um tratamento clínico é o que mais tem afligido a gente. São essas pacientes que estão nos deixando muito angustiados e provocando o adoecimento da equipe”, relatou uma médica.
O secretário de Saúde, Pedro Anaisse explicou que Belém regulava 2 mil leitos por retaguarda da Urgência, mas atualmente regula apenas a metade. Os demais foram repassados pelo governo do estado aos hospitais regionais. Anaisse reconheceu que existe carência de leitos de retaguarda no município e disse que ações têm sido realizadas para buscar solucionar o problema.
De acordo com o secretário, em janeiro foi assinado um termo de compromisso com o Hospital Beneficente Portuguesa para que o novo Hospital São João de Deus seja 100% SUS, regulado pelo município de Belém. Atualmente o processo está em andamento.
” A organização da rede nesse aspecto vai aumentar a oferta de atenção especializada, com consultas e exames e assim, certamente, teremos a Santa Casa fazendo o papel que precisa fazer”, pontua o secretário.
Como encaminhamento da reunião, os representantes da Sesma sugeriram a inclusão do Sindmepa ao grupo de trabalho da Santa Casa, coordenado pelo Ministério Público, que reúne integrantes da própria secretaria, da Secretaria de Saúde Pública (Sespa), membros da direção da Santa Casa e do Hospital Gaspar Vianna para coletivamente discutir soluções.
O diretor financeiro do Sindmepa, André Guimarães, avalia a reunião como um momento importante no enfrentamento do quadro vivenciado pelos profissionais de saúde da Santa Casa.
“Foi uma reunião importante com a autoridade de saúde municipal na busca de soluções para o melhor atendimento das gestantes em Belém. Nesta reunião pudemos expor sobre a alta demanda de pacientes e sobrecarga de trabalho dos profissionais da Santa Casa e ouvimos os problemas enfrentados pela secretaria na gestão da Saúde”, avaliou o dirigente sindical.