O Sindmepa e a secretaria de Segurança Pública farão visitas técnicas conjuntas aos municípios paraenses definidos como de maior situação de risco para a atividade da medicina e profissionais da saúde de um modo geral. O objetivo é orientar servidores da saúde sobre procedimentos que devem adotar, de forma preventiva, para evitar situações como as que se sucederam no município de São Caetano de Odivelas na última terça-feira, quando um médico teve que ser escoltado para sair do município sob pena de ser linchado pela população.
A decisão saiu de uma reunião realizada hoje de manhã entre o diretor João Gouveia e o assessor jurídico do Sindmepa, Eduardo Sizo, com o Secretário de Segurança do Estado, Luiz Fernandes Rocha para discutir os fatos que aconteceram em São Caetano. Na terça-feira, após a morte de um pescador no hospital municipal, o médico Paulo Sérgio Sales Brabo foi ameaçado de morte por moradores e precisou de escolta policial para sair do lugar.
O Sindmepa manifestou repúdio às agressões sofridas por servidores da saúde e pelo médico no município e as cenas de selvageria registradas pela televisão, com algumas pessoas destruindo o hospital local, patrimônio público do Estado.
De acordo com informes recolhidos pelo Sindicato, o médico não ministrou ao paciente medicamentos que, segundo a família, ele era alérgico, como foi informado por um parente do pescador a órgãos de imprensa. “Ressalte-se ainda que as circunstâncias da morte do pescador serão investigadas pela polícia civil e não justificam os atos de barbárie praticados como destruição do prédio público e quase linchamento do profissional médico que atuava no município”, afirma Eduardo Sizo.
O episódio expõe a total insegurança com que atuam os médicos no interior do Estado e desestimula outros profissionais a aceitarem propostas de trabalho em municípios do interior, disse o diretor do Sindmepa, Wilson Machado. Diante do quadro, o Sindmepa solicitou audiências com as secretarias de Segurança Pública e de Saúde para discutir os problemas envolvendo a saúde no município.
A insegurança dos que trabalham no hospital de São Caetano de Odivelas já é costumeira, pois o hospital é mal servido de medicamentos básicos (permanentemente faltam medicamentos), não fornece alimentação aos pacientes e ao corpo clínico; não tem equipo para fazer soro, a ambulância está permanentemente quebrada, além do que o hospital está tomado por cabas.
Na reunião com o secretário de Segurança, além da visita técnica conjunta, ficou definido que haverá uma audiência pública para os órgãos da área discutirem com a população soluções para os problemas pontuais que afetam a saúde no município. “O secretário de segurança se comprometeu em dar todo o apoio necessário para que os profissionais de saúde tenham segurança para desenvolver suas atividades no município”, disse o diretor João Gouveia. O secretário também designou uma delegada especial para fazer uma visita ao município e verificar a situação.
“O Sindmepa está aguardando agora a resposta da Secretaria de Saúde para discutirmos a situação dos dois únicos médicos que permanecem atendendo em São Caetano e que, por conta da insegurança e da ameaça de morte que sofreram, não querem mais trabalhar lá”, relatou João Gouveia.
A Polícia Civil já abriu inquérito tanto para apurar os danos ao patrimônio público como para apurar a morte do pescador. Já foi realizada a necropsia e os resultados serão carreados para o inquérito policial. Os vândalos que destruíram o hospital serão responsabilizados criminalmente, informou o secretário.