O Hospital Municipal São Rafael, de Altamira, funciona com problemas que comprometem o atendimento pleno à população. Foi o que constatou o diretor do Sindmepa, João Gouveia, ao visitar o estabelecimento na semana passada em visita técnica, acompanhado do assessor jurídico do Sindmepa, Eduardo Sizo. Com uma população de 105 mil, de acordo com o IBGE, o município, considerado o maior do país, convive com vários problemas na área da saúde. O mais polêmico é a falta de funcionamento do Hospital Geral Mutirão, construído pela Norte Energia (responsável pela construção da hidrelétrica de Belo Monte) e entregue há um ano, mas que ainda permanece fechado e já necessita de reforma.
Na visita ao São Rafael, o diretor do Sindmepa observou que o hospital dispõe de boa higienização, apesar da construção antiga necessitando de reformas. Os problemas mais graves são a precariedade dos serviços de diagnósticos, de equipamentos e a falta de médicos. “Apesar de dispor de três salas cirúrgicas, uma está sem carro de anestesia e tem apenas um anestesista de plantão por turno, assim como os cirurgiões trabalham auxiliados por enfermeiros e técnicos de enfermagem, contrariando resolução do CRM que prevê um segundo cirurgião na sala”, relatou João Gouveia. O hospital também não tem diretor clínico, contrata os médicos parte por meio de pessoa jurídica e parte com contrato temporário sem direitos trabalhistas. “Esperamos que com a inauguração do Hospital do Mutirão todas as irregularidades sejam sanadas”, espera Gouveia.
Na UPA municipal de porte 2, que funciona como porta de entrada para o São Rafael, os médicos também trabalham com contrato temporário e dispõe de apenas dois médicos por turno de plantão, o que vai de encontro ao que preconiza a portaria do Ministério da Saúde que prevê o funcionamento das Upas. A portaria determina a presença de quatro médicos nos plantões das 7h às 19h e de dois médicos das 19 às 7h.
No serviço do Samu outra irregularidade foi constatada. Os pacientes graves transportados nas ambulâncias do serviço não dispõem de acompanhamento médico e nem de Unidade de Suporte Avançado (USA), apropriada para esse tipo de atendimento.
A visita também se estendeu ao Hospital Regional Público da Transamazônica, gerenciado pelo estado e administrado pela OS Pró-Saúde. Com instalações, materiais e medicamentos considerados de boa qualidade pelo diretor do Sindmepa, o hospital porém já está com serviços auxiliares de diagnósticos e terapia totalmente defasados tecnologicamente, apesar de ter apenas nove anos de fundação. A contratação de médicos também é feita via PJ e os salários tem pendências de pagamento desde maio.