Uma médica perita do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que trabalha na Agência de Previdência Social (APS) localizada na Cidade Nova, município de Ananindeua, foi agredida por um segurado que não aceitou ser reabilitado em outra função no local de trabalho, no dia 26 de agosto. Josivaldo Melo Baltazar queria ser aposentado aos 33 anos por invalidez auditiva e quando foi informado pela profissional que deveria passar por exames de reabilitação profissional ofendeu moralmente a médica, com palavras de baixo calão, e jogou uma mesa sobre a perita. Os equipamentos de informática que estavam na mesa também atingiram a profissional. A agressão só não foi maior porque o segurança da agência ouviu o barulho da mesa caindo e entrou no consultório, segurando o agressor. A policia foi acionada, mas Josivaldo conseguiu fugir.
O Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) já previa que essas agressões voltassem a acontecer devido à falta de segurança nas agências e de esclarecimentos da população quanto o trabalho dos médicos peritos. O que expõe os médicos e demais funcionários aos mais variados tipos de violência. Este foi o oitavo caso denunciado no Estado. |Essa questão tem que ser combatida, os médicos não tem condições dignas de trabalho e estão com a segurança ameaçada|, comentou Wilson Machado, diretor do Sindmepa.
Segundo Machado, o Sindmepa e os médicos que trabalham no instituto têm cobrado melhorias nas condições de trabalho e, principalmente, segurança nas agências de atendimento, tanto da diretoria regional do INSS, quanto da procuradora federal Ana Karizia Teixeira, do Ministério Público Federal,. |Essa discussão é nacional. Já estávamos nos organizando para uma assembléia geral para cobrarmos com mais força melhores condições de trabalho|, falou a médica Cláudia Beatriz, médica do INSS, colega da profissional agredida, que declarou não ter condições de se pronunciar sobre o caso.
Violência constante – Esse não é um caso isolado. No início do ano, outra médica perita do INSS, lotada no bairro da Pedreira, quase foi agredida pelo mesmo motivo: a revolta de um segurado que teve a renovação do benefício do INSS negado. O caso ganhou repercussão nacional e motivou a vinda do gerente regional do INSS, André Paulo Félix Fidelis, ao Pará, para conversar com o Sindmepa.
Na ocasião, Fidelis se reuniu com a diretoria do sindicato e garantiu que as medidas de segurança seriam implementadas para garantir a segurança pessoal do trabalhador nas 27 Agências da Previdência Social (APS) do Estado. Porém, nada foi feito.
A situação não é diferente no restante do país. Muitos casos de violência, às vezes, que terminam em mortes, tem sido denunciados no Brasil. A Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) registrou, no ano passado, 102 casos de agressão a peritos médicos previdenciários por parte de segurados do INSS. Apesar do número elevado, a ANMP considera a situação melhor do que nos dois anos anteriores, quando houve assassinatos de quatro peritos no Brasil.