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Médicos protestam e vaiam ministro no Hangar

Médicos e acadêmicos de medicina protestaram nesta segunda-feira contra o programa Mais Médicos, que foi apresentado pelo ministro Alexandre Padilha a secretários de saúde dos municípios paraenses, no Hangar. Com faixas e cartazes com mensagens a favor do Revalida, por uma saúde de qualidade e de que não faltam médicos no Brasil, os manifestantes pediram mais direitos, condições de trabalho e criticaram a aprovação do projeto sem debate com a categoria. Sob vaias e gritos de “autoritário” e “trapaça”, o ministro apresentou o projeto aos secretários e funcionários públicos que compareceram ao evento.

Naiara Costa Balderramas, 27 anos, membro da diretoria da Associação Nacional de Médicos Residentes e  residente do hospital Barros Barreto, falou em nome dos médicos sobre as péssimas condições de trabalho da categoria no interior. A médica denunciou práticas de alguns secretários de saúde municipais que, segundo ela, pedem 10% dos salários de médicos para mantê-los nos empregos. Ao se pronunciar, perguntou ao ministro, primeiro, porque não convidaram as pessoas e entidades médicas para discutir o plano? E como será contornado o problema da diferença da língua falada pelos médicos estrangeiros?

Naiara enfatizou que os médicos estão protestando porque querem uma solução real para os problemas de saúde da população, não porque queiram ganhar mais dinheiro. “Não quero ganhar R$ 40 mil, trabalho no PSM da 14 por muito menos. Já trabalhei no interior e em unidades que não tinham nem medicamentos para dar ao paciente. Levava amostra grátis do outro plantão. Quero dignidade e plano de carreira”, disse a médica, sendo aplaudida pelos colegas.

Durante o evento, o auditório do Hangar ficou tomado por médicos e partidários do programa que se dividiram entre aplausos e vaias ao ministro da saúde. Este disse que a essência do programa é levar saúde de qualidade para a população desassistida do interior. Reconheceu que falta infraestrutura para o exercício da medicina no interior, disse que o debate é polêmico e que a questão já vem sendo discutida há vários anos, mas que é importante o diálogo entre as partes envolvidas: governo, médicos e população em geral. Em seu discurso, Padilha pediu calma à plateia hostil e garantiu que não iria tolerar ataques pessoais.

O governo trabalha com indicadores de que o Brasil possui 1,8 médicos por  1.000 habitantes, perdendo para países como Argentina e Uruguai, que possuem 3,2 e 3,7 médicos por 1.000 habitantes, respectivamente. As entidades médicas contestam a informação de que faltam médicos no Brasil. Para a categoria, falta uma política de fixação de médicos no interior. O Sindmepa articula as manifestações contra o Mais Médicos por considerar que o programa vai permitir o ingresso de médicos não qualificados no SUS.

“O programa cria duas categorias de médicos: a categoria A, com profissionais de reconhecida capacidade técnica para atender a população que tem plano de saúde; e outra categoria de profissionais de capacidade duvidosa, que irão atender cidadãos brasileiros que não têm acesso à saúde”, afirma Wilson Machado, diretor do Sindmepa que participou da manifestação, junto com os também diretores Emanoel Resque, Douglas Vasconcelos e David Bichara. Após a fala do ministro os médicos cantaram o hino nacional e se retiraram pacificamente do Hangar.

 

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