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Campanha visa acabar com escalpelamento na Amazônia

Reduzir a zero o número de acidentes com vítimas de motores de embarcações nos rios da Amazônia é a meta da campanha apresentada hoje (5), em café da manhã, à imprensa na sede do Sindmepa. O objetivo é garantir maior visibilidade à campanha, lançada em nível nacional pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com o governo do Estado, via Sespa e Sindmepa, que tem a atriz Dira Paes como madrinha.

As estatísticas apontam uma média de 12 casos de escalpelamentos por ano no Estado, e a meta é erradicar esse tipo de acidente, que deixa sequelas irreversíveis nas vítimas, em geral meninas e mulheres, cujos cabelos são apanhados pelos eixos de embarcações que navegam sem proteção pelos rios paraenses. Este ano, os registros caíram pela metade, mas espera-se que não se tenha mais nenhum caso até o final do ano.

“Esta é uma tragédia da Amazônia oriental”, diz o secretário de Saúde do Estado, Hélio Franco. Só acontece nos rios deste lado porque eles têm maresia e obrigam os donos de embarcações a manterem o motor no centro do barco, explica Franco. No café da manhã com a imprensa, ele apontou várias outras tragédias na área da saúde pública do Estado, como os acidentes de moto e de trânsito em geral.

“No ano passado foram 4.000 pessoas vítimas do trânsito no Pará; 46.000 no Brasil. São 126 diariamente. É como se caísse um avião por dia”, contabilizou. Mas, hoje, vamos focar nos acidentes com vítimas de embarcação, disse. “Temos que fazer o convencimento dos donos de embarcações para chegarmos a zero nesses números”, defendeu.

A campanha nacional de combate ao escalpelamento foi puxada pelo CFM e dirigida aos Estados do Pará e Amapá. Além de vídeos com a atriz Dira Paes, inclui cartazes, spots de rádio, panfletos e uma cartilha em forma de gibis, que será distribuída nas escolas. São 200 mil cartilhas confeccionadas pela Sespa, que serão distribuídas na rede pública de ensino. “Acreditamos que a escola é a melhor base para disseminarmos as informações sobre os cuidados com esse tipo de acidente”, disse a coordenadora de Mobilização Social da Sespa, Socorro Silva. O diretor do Sindmepa, Waldir Cardoso, que representou o CFM no evento, disse que ações dessa natureza são fundamentais para se erradicar esse tipo de acidente presente em nossa região. “Estamos fazendo a nossa parte e esperamos que outros se unam a este esforço para acabar com essa triste estatística”, disse Cardoso.

ESPAÇO ACOLHER

Além da Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento em Embarcações no Pará, que reúne diversas instituições, o Estado mantém um serviço específico voltado às vítimas de escalpelamento. Todo o tratamento é feito na Santa Casa de Misericórdia, onde elas permanecem por meses internadas. Após essa fase são encaminhadas para o Espaço Acolher, onde recebem acompanhamento ambulatorial e medicamentos especializados. Atualmente, oito meninas estão em tratamento no Espaço, disse a assistente social Luzia Matos, que coordena o serviço.

Além de tratamento ambulatorial, recebem acompanhamento psicológico, assistencial e participam de atividades de terapia ocupacional. Agora também estão tendo aulas por meio do projeto Classe Hospitalar, da Seduc. “Esse era um problema que tínhamos, já que elas permanecem por muito tempo internadas, às vezes o ano todo. Agora, o programa da Seduc também contempla o espaço”, disse Luzia.

Vítimas de acidentes com escalpelamento, Cadiane Matos Gonçalves, 9 anos e Natalia Mendes, 14, são atendidas no Espaço Acolher e participaram das atividades de divulgação da campanha. “Quero dizer a outras meninas para tomarem cuidado com seus cabelos e ficarem longe dos motores quando viajarem. Eu estava de rabo de cavalo, mas mesmo assim não consegui”, relatou Natália, que ia em uma embarcação da escola para casa quando aconteceu o acidente, há um ano e cinco meses.

Hoje usa um alargador por conta das sequelas do acidente. Cadiane viajava no rio Jararaca, na cidade de Muaná, quando a embarcação em que ia colidiu com outra. Ela caiu sobre o eixo do motor. Ficou 3 meses internada na Santa Casa. Aluna da 3ª série do Fundamental, tem aulas no Espaço Acolher e diz que além da saudade de casa o mais sofrido do acidente foram os curativos. “Dói muito”, contou a menina.

Os parceiros da campanha dispõem de peças publicitárias para distribuir aos veículos de comunicação interessados em divulgá-la. No material estão informações sobre medidas simples que os donos de embarcações podem tomar para evitar acidentes. Proteger o motor com equipamento doado e instalado gratuitamente pela Marinha do Brasil é uma dessas medidas.

 

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