Falta de tomógrafos, pediatras que atendam na emergência e preceptores que acompanhem os médicos residentes, esses são apenas alguns dos problemas identificados por diretores do Sindmepa durante visita técnica ao Hospital Municipal de Santarém, realizada na última semana.
A visita técnica foi realizada durante o último dia 22.09 (terça-feira) por uma comissão composta pelos diretores do Sindmepa, João Gouveia e Waldir Cardoso, que pela manhã estiveram reunidos com o diretor do Hospital, Glayton Rodrigues, e pela tarde visitaram as dependências do hospital acompanhados do diretor Técnico, Dr. Gilvandro Valente.
Glayton Rodrigues relatou durante a reunião que o que mais preocupa no funcionamento do hospital é a falta de leitos, além de protocolos clínicos e administrativos para melhorar o fluxo de atendimento e a deficiência no fornecimento regular de insumos. “Há também a dificuldade de envio de pacientes para o Hospital Regional, particularmente pacientes oncológicos, nefropatas e ortopédicos”, ressaltou Rodrigues.
Durante a visita, os diretores constataram que o ponto mais crítico do hospital é a área do atendimento de urgência e emergência, especialmente no acolhimento, triagem, sala de estabilização e nas áreas de leitos e observação, que possuem um número de pacientes muito superior à capacidade de atendimento do hospital, com improvisação de leitos, dificuldade de mobilidade, o que prejudica a qualidade de atendimento.
“O hospital apresenta inúmeras necessidades. Dentre elas está o melhor abastecimento de medicamentos, mais ventiladores mecânicos e retaguarda hospitalar para evitar a longa permanência, principalmente de pacientes nefropatas, ortopédicos e oncológicos”, observou o diretor do Sindmepa, Waldir Cardoso. “Há também a situação dos 52 médicos que trabalham no HMS que são contratados por meio de Pessoa Jurídica numa burla à legislação trabalhista”. Enfim, o hospital necessitaria passar por uma “reforma geral” para melhorar as condições de trabalho dos profissionais e a qualidade do atendimento aos usuários, concluiu Cardoso. No momento, a unidade faz chamada pública para recontratação de serviços de plantão no hospital, na UPA e na regulação.
UPA de Santarém
A comissão visitou ainda a UPA de Santarém, onde foi constatado uma boa estrutura do prédio, organização e limpeza. O local funciona com regime de três plantonistas por turno e um odontólogo. Poucos pacientes frequentam a unidade, o que pode ser atribuído ao fato de se localizar distante do centro da cidade, e, certamente, pela ausência de política pública que garanta que pacientes de casos mais simples deixem de ir ao Municipal e passem a procurar a unidade.
“Esta UPA está sendo subutilizada pelo porte que apresenta, que poderia perfeitamente estar atendendo a casos de risco verde e azul que se dirigem ao Hospital Municipal. Certamente 60% a 70% dos pacientes atendidos na porta do HMS deveriam estar nas Unidades Básicas de Saúde, no ESF ou, no máximo, sendo atendidos na UPA, o que desafogaria bastante o atendimento acima da capacidade neste hospital”, declarou Cardoso.
Hospital Regional do Baixo Amazonas
Durante a visita, a comissão percorreu também as dependências do Hospital Regional do Baixo Amazonas, acompanhada pela diretora Técnica, Dra. Lívia Correa e Castro.
Foi constatado que o tomógrafo (que é antigo) está sem funcionar há meses, assim como o arco-cirúrgico que está com defeito há dois meses, ambos sem perspectiva de conserto. Há 25 leitos vagos nas enfermarias e, no geral, o hospital mostra sinais de deterioração denotando a falta de manutenção predial. Segundo a diretoria do hospital, aguardam pactuação financeira com a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), para a abertura de leitos de UTI neonatal, pediátrica e adulta já disponíveis, porém sem funcionar.
Segundo o diretor João Gouveia, o mais lhe chamou atenção no Hospital Regional do Baixo Amazonas foi o número de leitos vagos, enquanto que o Hospital Municipal de Santarém está superlotado, além disso, o local apresenta o início de uma deteriorização. “Se houver uma eficiente regulação entre a gestão municipal utilizando, em sua plenitude, tanto o hospital regional quanto a UPA, com certeza a qualidade de atenção na saúde em Santarém seria melhor. Sendo fundamental para isto, que o município avance na atenção básica para atender toda a população”, disse.
Após a visita, a comissão foi recebida pelo diretor geral da instituição, Hebert Moreschi, ocasião em que discutiram as dificuldades enfrentadas pelo hospital e os atrasos de repasses do governo estadual. Segundo a direção, o hospital está se transformando em um Hospital oncológico, dada a imensa demanda de pacientes, da região, com este tipo de patologia.