Insatisfeitos com as péssimas condições de trabalho, falta de reajustes salariais há pelo menos cinco anos, falta de segurança, entre outros, médicos que trabalham na área de urgência e emergência de Belém decidiram, na noite de quinta-feira (18), em Assembleia Geral no Sindmepa, paralisar atividades no próximo dia 25, data marcada pela Prefeitura para a inauguração do HPSM da 14.
“Nós somos escravos do trabalho”, afirmou um médico ao mencionar a falta de vínculo empregatício que atinge a maioria dos médicos que trabalham para a urgência e emergência de Belém e faz com que eles não tenham direito a férias, 13° salário e a segurança de um trabalho estável. “A gente vê o sofrimento da população diariamente e, muitas vezes, não pode fazer nada”, concluiu o médico.
“A gente anda em áreas vermelhas sem a menor segurança ou proteção”, disse uma médica que trabalha para o Samu. “O pessoal que trabalha para o Samu chega no hospital e a maca é retida porque não tem lugar onde o paciente ficar [a não ser na própria maca onde ele chegou]”, disse.
Com a triagem do atendimento, durante 24h – atendendo apenas aqueles pacientes com risco de morte – os médicos que trabalham na urgência e emergência do Samu, Upa e HPSM do Guamá pretendem chamar a atenção da opinião pública para o caos em que se encontra essa área da saúde na capital paraense. Caso as reivindicações não sejam atendidas, os profissionais da saúde organizarão uma triagem permanente por tempo indeterminado a partir do dia 3 de março.
Para o diretor João Gouveia, apesar de todas as reivindicações entregues por escrito à gestão e das várias reuniões com a mesma, houve pouquíssimos avanços na área da saúde “e o estopim foi a infeliz fala do prefeito, durante entrevista ao jornal Liberal, culpando os médicos pelo caos que a saúde se encontra. Esta fala do prefeito só serviu para inflamar ainda mais os ânimos dos profissionais médicos”, disse.