O diretor do Sindmepa e presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Waldir Cardoso, comentou na manhã de hoje os dados da pesquisa divulgados ontem pelo Conselho Federal de Medicina sobre os investimentos em saúde no Brasil nos últimos dez anos. Os dados indicam uma defasagem nos investimentos em saúde no País em relação à inflação no período. Enquanto o IPCA registrou uma variação de 80%, a correção da despesa per capita em ações e serviços públicos de saúde foi de 26% no período, o que dá uma defasagem média de quase 42%. O Estado do Pará foi o que menos investiu em saúde no Brasil e a capital paraense ficou em quarto lugar no ranking das capitais com menos investimentos.
As informações levantadas pelo CFM consideraram as despesas em Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS) declaradas no Sistema de Informações sobre os Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), do Ministério da Saúde. O Brasil gasta por dia R$3,48 com a saúde de cada habitante. Os percentuais destinados pela União, governos estaduais e prefeituras para a área são insuficientes e bem aquém dos valores praticados por outros países com modelos de sistemas de saúde semelhantes ao SUS. No Reino Unido, o investimento em saúde foi dez vezes o valor aplicado pelo Brasil: US$ 3.315. Na Argentina o gasto com saúde foi de US$ 713.
“Se a Argentina que está numa crise gravíssima consegue investir mais em saúde que o Brasil, é porque prioriza o setor. Aqui, o presidente eleito terá que rever seus cálculos, já que considera que os investimentos em saúde são adequados”, disse Cardoso.
No Pará, o cenário é o pior possível. O estado é o que teve o menor gasto médio per capita com saúde no ano passado, com o valor de R$ 703,67. Rondônia, que teve o maior investimento, gastou R$ 1.771,13. Sem contar com os repasses da União e gastos dos municípios, o Pará também ficou entre os que gastaram abaixo da média. Nesse quesito os piores desempenhos foram de Bahia (R$226,56); Maranhão (231,48) e Pará (R$ 258,02).
Também a capital paraense ficou entre as de pior colocação quando se trata de investimentos com recursos próprios. Com investimento de R$ 247,48, perdemos nesse item somente para Macapá (R$ 156,67); Rio Branco (R$ 214,36); e Salvador (R$ 243,40). “O Pará ainda está muito longe de oferecer saúde de qualidade. Carecemos de que a saúde seja tornada prioridade pelos governantes”, defendeu Waldir Cardoso.