Os impactos na saúde e na Amazônia gerados a partir da construção da Hidrelétrica de Belo Monte compõem o tema central do livro “Hidrelétrica Belo Monte: Impactos na Saúde”, organizado pela médica sanitarista e Doutora em Saúde Pública, Rosa Carmina Couto e pela professora Titular do NAEA/UFPA, Rosa Acevedo. O livro foi divulgado pela médica à diretoria do Sindmepa nesta semana.
A partir de levantamento de dados, o livro traz um debate crítico sobre a questão da saúde e do meio ambiente na Amazônia focando nos problemas decorrentes da construção de Belo Monte. “A gente analisa os problemas das mudanças climáticas, do desmatamento, da perda da biodiversidade, que são grandes problemas, hoje, na Amazônia e ressaltamos os impactos na saúde decorrente da construção de Belo Monte como a migração de cerca de 100 mil pessoas e que impactou negativamente o sistema local de saúde”, afirma Rosa Carmina Couto.
De acordo com a médica, se por um lado os municípios ao redor de Belo Monte obtiveram um controle da malária durante a obra, por outro a construção da hidrelétrica trouxe um aumento da incidência da Leishmaniose tegumentar americana e de epidemias de dengue, como reflexos dos impactos negativos da obra para o meio ambiente e para a saúde local. “ O que pode ser explicado pela pressão antrópica nos ecossistemas e ausência de políticas específicas de controle para essas doenças”, disse.
A médica explica que o município que mais sofreu com as transformações demográficas durante a construção de Belo Monte foi Altamira com o aumento do número de mortes violentas, acidentes de trânsito e forte pressão sobre o sistema de saúde local. Para ela, estas transformações refletem ainda hoje no município, mesmo após a obra ter sido concluída. “Segundo um relatório, recente, do IPEA, Altamira se tornou um dos municípios mais violentos do Brasil. Então ainda há um pouco esse legado negativo que esses grandes projetos deixam para a população local. Isso é algo que a gente crítica, o nosso livro aponta uma proposta de suspender os grandes projetos e grandes hidrelétricas na Amazônia, porque elas destroem o meio ambiente, impactam as populações que são deslocadas do seu ambiente”, afirma.
O livro também traz um artigo escrito pelo professor da UFPA, Assis de Oliveira, que aborda a violência sexual de crianças e adolescentes no contexto de Belo Monte; As greves e a saúde dos trabalhadores da hidrelétrica, escrito pela conselheira do Conselho Estadual de Saúde, Tania Sena e um artigo da professora Rosa Acevedo sobre os problemas que vivem os povos indígenas e comunidades rurais da Volta Grande do Xingu pelas ameaças dos projetos de Belo Monte e da mineradora Belo Sun.
“Hidrelétrica de Belo Monte: Impactos na Saúde” pode ser adquirido na FOX, no NAEA (Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA) e pelo Site da Abrasco.